quinta-feira, 20 de junho de 2013











     Fernanda Couto, nascida em  10 de julho de 1968,  na cidade de Luanda (Angola/ África), atua na área da educação como, Pedagoga em administração escolar e no magistério na modalidade da Educação Infantil. Sua vida escolar foi dividida em três países, África, Portugal  e Brasil.
      Em Luanda na África, ela começa estudando em casa com sua mãe,na  hora em que ela ensinava deveres para sua irmã mais velha. Sua primeira experiência com a escola foi aos 6 anos, 1° série, Escola Santo Antônio em LUANDA , 1974, na rede pública. Ela comenta que Luanda não é uma cidade com safáris, como nós vimos em livros, e sim uma cidade normal, no qual ela tem excelentes memórias, e diz que sua infância foi com muitas brincadeiras e que era uma aluna muito arteira e competitiva.  Ela se recorda da escola, que era tradicional, com professores presentes e que cobravam bastante dos alunos, e eles utilizavam   a palmatória, como forma de castigar, e ela muita das vezes por não ter um comportamento adequado, apanhava  da mesma, algo que nunca aconteceu comigo na escola. As professoras eram centralizadas, severas, mais atenta a cada um, passavam muitos deveres e cópias   e os pais apoiavam a disciplina das professoras e inclusive o uso da palmatória, no qual ela diz que não tem sequelas nenhuma  por parte disso.
      Em 1975, começa a  Guerra da Independência da Angola, no qual a violência era cruel contra as pessoas de cor branca, como ela, filha de portugueses,e assim eles viviam com medo da morte.Ela relata um dia em sua escola, na sala de aula, todos escutaram um barulho de caminhão, e por estudarem no segundo andar conseguiram ver o caminhão, quando olharam, ela diz, que viu uma das piores imagens de sua vida, corpos mutilados e membros soltos. A professora tentou os convencer de que não havia ocorrido nada, mas   a situação já havia sido vista por todos na sala.
      Houveram mudanças do bairro aonde ela morava com sua família, para um prédio no centro da cidade de Luanda, pois a violência estava muito mais próxima deles e morar em prédios era mais seguro contra invasões e assim tentariam a saída do país, no qual naquele momento era muito difícil, pois eram muitas pessoas tentando ir embora e as companhias aéreas, mandavam poucos aviões com receio de acontecer algo.


                                                  ( Fernanda Couto em Luanda /África 1975)



 Conseguindo sair da África, em setembro de 1975, ela e sua irmã foram para Portugal, para casa dos avós, e seus pais vieram para o Brasil refazer a vida, em busca de emprego e moradia.. Uma nova escola , Liceu Alexandre Herculano em Portugal, para a conclusão de sua primeira série, que  tinha o mesmo perfil da escola de Luanda, pois a cultura de Luanda era européia, e assim os padrões eram os mesmos. Em Portugal só apanhou uma vez de Palmatória, pois conversava bem menos na sala de aula.
   Em janeiro de 1976, ela se muda para um novo País, o Brasil, e assim uma nova instituição,  a Escola Municipal Jean Mermoz , situada no Bairro Cachambi ( Rio de Janeiro), 2° série  com 8 anos incompletos. Uma professora que se recorda com  muito carinho, foi a professora Dulce, uma educadora meiga, dedicada, e muito amiga... pois ela era uma criança de uma outra cultura, com vocabulário e sotaque diferente, e essa professora soube controlar a turma e inseri-la de forma positiva na turma. Havia dificuldades com os conteúdos de História, pois os professores ministravam as aulas de uma forma muito tradicional,





                                           ( Escola Municipal Jean Mermoz 1976/ Turma 202)





  
                                          ( Escola Municipal Jean Mermoz 1977/Turma 302)





                                       ( Fernanda Couto, na Escola Municipal Jean Mermoz/1977)




    Em 1979 ela continua na mesma escola, no ensino fundamental , segundo segmento, 5°série, 11 anos incompletos, e a disciplina de História que não era uma das suas preferidas, havia tido uma mudança , pois uma nova professora Chamada Leni, tinha uma outra visão para ministrar suas aulas, era dinâmica e os fazia vivenciar os fatos passados e ela foi uma inspiração para Fernanda,  e  teve uma nova visão de educadora. E assim foi a melhor aluna tirando ótimas notas. Tive  uma professora de História também que me inspirou muito, Denise Ramos, uma professora do meu 2° ano do curso normal, que nos fazia pensar e ver o passado de uma forma nunca visto antes.
   Através de atividades escolares, como jogos esportivos, faziam a aluna Fernanda Couto, a  gostar de frequentar mais as aulas.Muitos amigos, muito comunicativa, bagunceira e frequentava muito a direção da escola, por conta de fugir da escola. Liderança e inciativa eram seus pontos fortes. Após uns dez anos, a escola não era mesma, a direção havia mudado e seus professores também e o sistema público  teve uma  queda em sua qualidade de ensino, mais para ela todos os momentos nessa escola foram inesquecíveis.
   No ensino médio, no Instituto de Educação do Rio de Janeiro,( IERJ) Tijuca, com seus 15 anos incompletos, escolheu optar pela modalidade normal, que era uma vontade desde pequena,apesar da família ser contra por conta da baixa remuneração, ela acreditava em sua vocação, e a seguiu com muita dedicação. A instituição era séria, comprometida com a qualidade e os professores exigentes. A mudança mais significativa em seu curso, foi a sua forma de liderar, pois muitas vezes não respeitava as opiniões alheias, porque para ela, valia muito mais a nota do que a opinião do grupo. Com 16 anos, houve uma mudança pois viu que perderia muitas amizades com essa atitude.






                                                   ( Instituto de Educação do Rio de Janeiro)





                                              ( Formatura do Ensino Médio/ Normal )





         A continuidade dos estudos era um grande objetivo, para a professora Fernanda Couto, casada em 1987, houve um receio da família, pois o ingresso na faculdade, poderia atrapalha-la em suas tarefas domésticas. Em 1988 iniciou sua faculdade, na rede privada de ensino, na Faculdade de Souza Marques, situada em Cascadura ( Rio de Janeiro).
       No inicio, foi uma questão de adaptação, pois ela trabalhava na Zona Sul, e morava na Zona Norte, então perdia muito tempo no trânsito e assim chegava atrasada nas aulas, contando com a compreensão dos professores, esses que já estavam desgastados da profissão, e alguns ansiosos  para transmitir seus conhecimentos. E os alunos agora se tratavam de adultos, que trabalhavam, casados e atarefados. Algumas dificuldades foram encontradas  nas disciplinas de estatística , pois o curso normal não havia lhe dado muita base, e assim tornando a disciplina mais trabalhosa. Seu público almejado era até 5° ano do  ensino fundamental, seu estágio ocorreu numa escola pública  no turno da noite, aonde viu que a realidade da escola pública para a particular era muito diferente.
       A habilitação foi orientada por uma pessoa mais velha, com grande sabedoria no qual a questionou sobre o topo da profissão, e a resposta foi a função de diretora, e assim partiu para a parte mais difícil, no qual precisaria de muitas habilidades e seguiu a orientação.Coincidentemente, fui questionada várias vezes sobre qual seria a minha habilitação, e eu ainda confusa para definir o que eu queria, fui orientada pela diretora Fernanda Couto a começar pelo alto. Sua monografia teve o assunto sobre a Emergência da Liderança na Educação, algumas dificuldades encontradas nas seleções de bibliografias e o tempo para a realização da redação.
           Seu primeiro emprego foi por indicação, pois as dificuldades para ingressar no mercado de trabalho sendo uma recém formada era muito mais complicada. Colégio Canarinho Camaiore, localizada no Leblon , no ano de 1986, com 17 anos,  a sua primeira turma, foi  a classe de alfabetização com vinte e cinco alunos, e era  considerada a turma com maior dificuldade. A sua vaga seria para outra pessoa, segundo a coordenadora pedagógica  da escola, pois teria que haver experiência, algo q ela não tinha, pois ela não acreditava em jovens com grandes potenciais. Com tudo isso, a professora Fernanda criou muitas barreiras em relação a ela, hoje vendo que poderia ter aprendido muito com ela, pela profissional que era.
         A primeira escola em que lecionou, foi logo após o seu curso normal, então ela foi aplicando  as aprendizagens que teve, com sua turma, pois a escola tinha uma ótima reputação,  tradicional  e era para elite. Os professores não podiam manter muito contato com os pais, os incentivos eram avaliados pelos coordenadores, material escolar vasto, porém muito controlado...  Em vários momentos, ela chorava, pois havia insegurança, medo de não dá certo, mais isso foi a fortalecendo, e a dedicação foi aumentando, e os resultados foram excelentes e nessa escola ela passou durante três anos.
     






     

  ( Fernanda Couto, com sua primeira turma no Colégio Canarinho Camaiore em 1986. )






 Houveram outros empregos, como a Escola Ativa em 1989, que foram apenas quatro meses de trabalho, era uma escola acessível, apesar do alto poder aquisitivo dos pais, usava o método Montessoriano, e a escola estava se numa fase de reestrutura , e não me identifiquei com a instituição assim não permanecendo por muito tempo.
      Fundação Getúlio Vargas ( FGV),  Botafogo, no ano de 1989, CURSANDO seu 2°ano na faculdade,  um trabalho temporário na área de Recursos Humanos, com uma carga horária reduzida. Trabalhando e estudando na FGV no Cursos de Curta Duração de Administração de empresas( CADEMP), focando em áreas de treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e remuneração.Houve uma identificação com  a   de recursos humanos, pois, planejar as necessidades de treinamentos foram interessantes a ela. No dia 05 de de janeiro de 1990, recusando a efetivação do FGV, pois tinha sido aprovada no processo seletivo do SESI- RJ, para a função técnica de Recursos Humanos.
      Em Fevereiro de 1990, A empresa estava numa reestrutura de seu Plano de Cargos e Salários, para tal a formação pedagógica que ela já tinha ouve uma excelente desenvoltura, e assim ela  aprendia mais sobre Recursos Humanos ( RH), entrevistas,  levantamentos de tarefas, enquadramento e outras atividades inerentes ao ramo. Houve uma grande aprendizagem, crescimento profissional,  e sua permanência  foi até 1999, aonde a vontade de estar na sala de aula, era maior e assim partiu para um sonho que tanto almejava.
        Em 16 de Junho de 1999, foi a abertura da escola, Jardim Escola Carneirinho de Ouro, com direção de Fernanda Couto, como tudo era novo, foi um processo de muitas incertezas, dúvidas, pois ser pedagoga era muito diferente de ser diretora na prática. A base do Recursos Humanos a auxiliou, mas havia muito mais para se preparar, as pessoas por exemplo. Um sonho estava se concretizando, mais treinar adultos, era completamente diferente do universo infantil.Vários profissionais experientes, ofereceram ajuda, mais o tempo não a fazia usufruir de toda a aprendizagem oferecida. Então, a maioria delas, foram aprendidas na prática, ela diz que muita das situações, foram facilitadas pela leitura constante. Teoria x Prática: Os conceitos não são absolutos , nem todas as regras podem ser aplicadas a todos os tipos de pessoas, nem todos entendem a diferença de ser e estar.
As escolas mudaram, os professores, os pais, os métodos, as gerações... A criação da creche no mesmo local, veio pela necessidade do bairro de cuidar e educar. No começo houve medo, insegurança e incerteza...Ela se baseia na metodologia, Sócio construtivista e sempre atualizada, participando de palestras, e no seu percurso acadêmico investiu em cursos de aprimoramento e hoje, cursando uma pós- graduação em Orientação Educacional e Pedagógica, na A V M Cândido Mendes, aonde a concilia com sua Creche e Escola na fase da Educação Infantil, Atua como professora desde de 1985 e como pedagoga, desde de 1990, são vinte e sete anos de carreira e de grandes memórias e conquistas.

     Aprendi com sua história, que mesmo com as dificuldades, devemos ser fortes e sempre lutar pelos nossos objetivos, mesmo nos momentos difíceis ela soube superar os obstáculos com muita determinação.          Escutamos sempre a parte ruim da profissão, mas aprendo todos os dias que podemos fazer a diferença dentro de uma sala de aula, em uma escola e até dentro de uma cidade, estado e quem sabe um país!
    Fernanda Couto, obrigada por contribuir com sua história em nosso blog!

Por Sabrina Ferreira da Costa.

Um comentário:

  1. Boa noite querida, estou escrevendo sobre minha infância e vejo que estudamos juntas. Também tenho as fotos das turmas 202 e 302. Gostaria de saber se você tem uma foto da fachada da escola e do prof. Zanolla, professor de Português de nossa 5ª série.Desde já, grata por sua atenção.

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